Em dezembro, o Moinho in
Concert — espetáculo anual que celebra o encerramento das atividades do
Instituto Moinho Cultural Sul-Americano — ganhará contornos míticos, visuais e
sensoriais com uma temática que une arte, espiritualidade e memória coletiva. A
edição de 2025 convida o público a embarcar numa jornada pelos Peabirus,
caminhos ancestrais traçados pelos povos originários em busca da “Terra Sem
Mal”, e propõe uma analogia entre essa travessia espiritual e os jogos de
amarelinha.
Com mais de 500 pessoas
envolvidas entre orquestra ao vivo, bailarinos, crianças e jovens atendidos
pelo Instituto, o espetáculo combina música, dança, visualidades plásticas e
registros reais de sonhos, desenhos e histórias coletadas ao longo do ano. As coreografias
são inspiradas em diferentes formas de amarelinha, como a caracol e a cruzada,
simbolizando os caminhos de autoconhecimento, pertencimento e superação.
“Estamos falando de
ancestralidade, de território e de sonho. O Peabiru é essa conexão entre
mundos, entre o visível e o invisível. E a amarelinha, quando colocada em pé,
torna-se um totem andino, um símbolo de transcendência. É isso que a gente quer
provocar no palco: o jogo da vida, os passos em busca do céu, da floresta, da
Terra Sem Mal”, explica Márcia Rolon, diretora do Instituto.
O espetáculo também será
atravessado por registros reais de sonhos e desenhos criados por participantes
do Moinho ao longo do ano, e dialoga com o trabalho do artista visual Leoni
Antequera, boliviano radicado em São Paulo, que desenvolve obras a partir de
materiais orgânicos e simbologias ancestrais.
“Meu Peabirú, esse trajeto
físico e espiritual, me leva a criar canais de provocação que destacam a
importância de enfrentar a modernidade com identidade, seja de forma individual
ou coletiva. Caminhar é viver. O caminho, o caminhante e a caminhada são
realidades valiosas. Meu Peabirú se forma no equilíbrio entre os saberes
ancestrais dos povos e a sabedoria da natureza. A terra, para mim, guarda
memórias e energias que guiam e impulsionam cada passo”, descreveu o artista.
Márcia Rolon ressaltou ainda
que o Moinho in Concert 2025 é também uma provocação para que o público reflita
sobre suas próprias travessias. “Este ano, estamos trabalhando com esse tema
para falar de autoconhecimento, da descoberta do Peabiru de cada um e para
mostrar que esse futuro desejado pode ser alcançado a partir do que nós
cultivamos agora, com arte, educação e sensibilidade”, afirma.
O espetáculo será exibido em
rede aberta e, posteriormente, disponibilizado no canal oficial do Moinho no
YouTube, ampliando o alcance dessa celebração da arte, da infância e da
identidade cultural da fronteira.