Na batida da caixinha e do
bumbo, no som dos pratos, no sopro dos trombones e da tuba, no balanço do
pandeiro e do chocalho... Indígenas terenas, afro-indígenas e estudantes da
rede pública de Anastácio e Aquidauana (MS) dão o tom da melodia dos sonhos na
Orquestra Indígena Teko Arandú, do Instituto RessoArte. Completando 12 anos em
2025, a orquestra se apresenta neste sábado (13), às 10h30, no II Encontro de
Bandas e Fanfarras Indígenas do Estado de MS – ´Nzopúne´, no Ginásio de
Esportes da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda.
O projeto tem o apoio da Lei
Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura, Fundação de Cultura de MS e
Governo de MS, além da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento,
Ciência e Tecnologia e Inovação (SEMADESC), por meio do Fundo de Defesa e de
Reparação de Interesses Difusos Lesados (FUNLES).
Quando
a música se torna ponte para novos caminhos: Teko Arandú celebra 12 anos
Criada em 2013, a Orquestra
Indígena Teko Arandú (expressão que significa ´modo sábio de viver´) oferece o
ensino gratuito da música instrumental (cordas, sopro e percussão) para
indígenas da etnia terena e alunos da rede pública de ensino dos municípios de
Anastácio e Aquidauana, em um rico processo de integração e diversidade
cultural. Atualmente, a orquestra conta com cerca de 60 participantes; crianças
e jovens entre 10 e 25 anos.
O maestro e coordenador
musical da Orquestra, Vitor Junior Pacheco, relembra que a Orquestra começou
como uma fanfarra. O grupo iniciou com muitas dificuldades e desafios, os
instrumentos, por exemplo, eram simples, usados, desgastados. Com muita luta e
esforço de toda equipe, aos poucos a fanfarra foi se transformando numa
Orquestra. Unidos, eles realizavam Festivais de pastel, de pizza, entre outros,
para arrecadar dinheiro para a compra de novos instrumentos musicais.
“Hoje estamos em outro
patamar! Temos uma equipe boa que trabalha com Editais, com isso fomos
renovando os instrumentos, fomos crescendo, nos desenvolvendo. Estamos com
instrumentos de primeira linha, não tínhamos instrumentos de sopro, por
exemplo, e hoje temos”, acrescenta.
Em seus 12 anos, a Orquestra
tem feito a diferença na vida de centenas de crianças e jovens, abrindo novos
caminhos: “Não é só sobre tocar um instrumento, mas sobre disciplina,
convivência, respeito, superação e esperança. Vejo alunos ganhando autoestima,
descobrindo talentos e acreditando que podem ir além. A música se torna uma
ponte para um futuro melhor, e participar desse processo é uma honra que
carrego com muita gratidão. Vejo esses jovens com grandes valores e uma jornada
de sucesso pela frente. Mesmo que a sociedade veja de uma forma, vejo
diferente; acredito neles e sei que eles podem ir além”, destaca Vitor.
E foram muitos e muitos alunos
transformados. Para se ter uma ideia, nesses 12 anos de história, mais de 500
alunos tiveram suas vidas impactadas, como a jovem Kelly Cristina Leite da
Silva. “Ela chegou até nós ainda criança. Na música encontrou um caminho de
transformação; ganhou uma nova perspectiva de vida. Hoje, já adulta, é uma mãe
responsável e dedicada; tomou decisões firmes, se posicionou, buscou
conhecimento e cresceu não apenas como pessoa, mas também como musicista. O
resultado desse esforço é inspirador: Kelly se tornou uma das melhores
musicistas da nossa Orquestra e, com isso, hoje também é minha auxiliar. Sua
trajetória é a prova viva de que a música pode ser um verdadeiro divisor de
águas na vida de alguém”, celebra Vitor.
Participando do projeto há
mais de 10 anos, no início como aluna e hoje como monitora, Kelly conta que o
primeiro instrumento que tocou na ´vida´ foi o violão, vendo a avó tocar.
Depois, com o tempo, se dedicando, aprofundando seus conhecimentos, aprendeu a
tocar trompete, atabaque, lira e outros. “O que me motiva a seguir no projeto é
a esperança de um mundo melhor. Creio que a música cura a alma, eu já sofri
muito e a música curou a minha alma, hoje eu consigo lidar com as coisas. O
mais importante pra mim em relação a Orquestra são os meus alunos: eles comigo
no dia a dia me motivando a ser uma pessoa melhor; são pequenos gestos de
honestidade e valores que fazem tudo ficar mais leve e feliz!”, exalta Kelly.
Com união, dedicação e muita
força de vontade, a Orquestra Indígena Teko Arandú tem avançado a passos
firmes, transformando vidas pela música e encantando plateias por onde se
apresenta. O talento das crianças e jovens de Anastácio e Aquidauana tem ecoado
pelo Estado e ultrapassado as fronteiras sul-mato-grossenses. Ao longo de seus
12 anos de história, foram dezenas de apresentações, incluindo uma participação
em nível nacional, no programa Domingão com Huck, da Rede Globo, que marcou um
capítulo especial em sua trajetória.
Programação:
Teko Arandú se apresenta em Miranda e Anastácio nos próximos dias
Do início de 2025 até agora, a
orquestra já circulou com sete espetáculos musicais em municípios de Mato
Grosso do Sul e, para este segundo semestre estão previstas mais cinco
apresentações. Neste sábado (13) a orquestra se apresenta, às 10h30, no II
Encontro de Bandas e Fanfarras Indígenas do Estado de MS – ´Nzopúne´, no
Ginásio de Esportes da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda. E, no dia 11 de
outubro, o grupo leva suas canções ao ´II
Festival Balaio Cultural´, em Anastácio.