Originalmente, o filme Bingo — O rei das manhãs se chamaria Bozo. Mas o longa-metragem do diretor Daniel Rezende não conseguiu a autorização para o uso do nome de um dos programas de maior sucesso da televisão brasileira e também norte-americana. Mesmo assim, o longa se inspira na história de Arlindo Barreto, o brasileiro que interpretou o palhaço na tevê.
Com base em fatos da vida de Barreto com alguma dose de ficção surge Augusto Neves (Vladimir Brichta), ator que, cansado de fazer filmes de pornochanchada, quer um espaço na televisão. Ao ser menosprezado pela emissora Mundial, comandada pelo personagem do apresentador Pedro Bial, ele tenta a sorte em outro canal: a TVP. A emissora está em busca de um apresentador para um programa novo, Bingo, inspirado na franquia de sucesso dos Estados Unidos apresentada por um palhaço.
Fazendo piadas que o dono da franquia, um americano, não entende, Augusto ganha a vaga. Sem nunca ter sido um saltimbanco, ele busca inspirações em palhaços de circo para tentar fazer com que Bingo faça sucesso. E é nesse momento que o espectador pode ver um momento bastante emocionante, a presença do já falecido ator Domingos Montagner na pele de um palhaço com quem Augusto Neves faz um estágio. A cena é uma grande homenagem a Montagner, que, antes de ganhar as telinhas, fez carreira no circo.
A partir daí, o filme mostra da ascensão à fama de Bingo, que se tornou o dono do programa número um infantil da tevê, até o declínio, quando o ator começa a se envolver com drogas e bebidas. E esse é exatamente o trunfo do longa. Logo no início, a história entrega um Bingo de fácil empatia em uma interpretação muito boa de Vladimir Brichta.