O que vem da vida depois que
os filhos saem de casa? O que vem da vida quando a aposentadoria chega? O que
vem da vida quando nos tornamos pessoas idosas? Há 10 anos o projeto Ativa
Idade, da Fundação Manoel de Barros, tem promovido a amizade, a autoconfiança,
a autoestima, a saúde física e mental e, a qualidade de vida de pessoas com
mais de 55 anos. Há 10 anos o Ativa Idade vem fortalecendo vínculos e
restabelecendo o viver de centenas de pessoas.
O projeto nasceu em 2013 com o
propósito de promover a autoestima e a autoconfiança da pessoa idosa, para que
ela seja mais participativa em sua família e na sociedade. Para tanto, oferece
gratuitamente aulas de dança e ginástica, inclusão digital, canto, pilates e
tai chi chuan, além de rodas de conversa, passeios, dinâmicas, oficinas com
profissionais e diversas ações, pensadas especialmente para este público. Desde
o início, o Ativa Idade já realizou cerca de 3.200 atendimentos.
"Tantas vidas passaram
pelo nosso olhar, pelo nosso abraço, nestes 10 anos. Começamos com 25 inscritos
e hoje temos 100. Hoje o nosso sentimento é de gratidão. Gratidão a Deus, aos
participantes do projeto e seus familiares que confiaram no nosso trabalho, ao
poder público e as empresas privadas que acreditaram no nosso trabalho e a
nossa equipe, que sempre atuou com comprometimento e amor", destaca Marcos
Henrique Marques, diretor da FMB.
Sobre Importâncias
´Que a importância de uma
coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós´, diz
Manoel de Barros, no poema ´Sobre importâncias´. Qual a importância do projeto
Ativa Idade para as centenas de pessoas que passaram por ele? Para cada um há
um encantamento diferente. Para Josefina de Andrade, de 76 anos, segunda
inscrita no projeto em 2013, o Ativa Idade é sinônimo de cura.
"Quando entrei no projeto
eu estava com depressão. Eu ficava chorando, meu marido maravilhoso, não me
faltava nada, meus filhos maravilhosos, eu não sabia porque eu estava chorando.
Não queria sair de casa, não ligava mais pra mim, não me arrumava. Daí o
psiquiatra falou: ´A senhora está com depressão profunda e isso aí não tem
cura, vai morrer desse jeito. Leva esses remédios pra casa, vai tomar e
pronto´. Daí um dia eu vinha vindo, peguei o ônibus e encontrei uma amiga, a
saudosa Luíza, que já faleceu, contei a ela como eu estava e ela me convidou
para conhecer o projeto. O Ativa Idade pra mim foi o meu remédio", conta
Josefina.
Com uma vida dedicada ao
trabalho para o sustento da família, educação dos filhos e conquista da casa
própria e, focada em um projeto social que oferece almoços para crianças
carentes no bairro Cophasul, Umbilina Santana, de 69 anos, conta que o projeto
Ativa Idade transformou sua vida para sempre.
"Quando eu cheguei no
Ativa Idade eu vi que eu não era diferente de ninguém, eu me sentia diferente,
a rejeitada. Eu me senti uma outra Umbilina, uma outra pessoa, eu comecei a
enturmar com as pessoas, fazer amizade, a gente vê que a amizade das pessoas é
sincera, parece que vem do coração da pessoa, que não tem cor, negócio de
dinheiro, se é pobre, se é rico, todo mundo é igual, e isso daí eu senti lá,
sabe? Então eu me senti como gente mesmo, foi um lugar que eu me senti como
gente", detalha Umbilina.
Um dos grandes objetivos do
projeto é reestabelecer o viver da pessoa idosa, como explica o diretor Marcos
Henrique: "Recebemos pessoas que estão descontentes com a vida,
desmotivadas, que não veem muito sentido na vida. Quando a pessoa começa a
participar do Ativa Idade ela começa a restabelecer a vida dela, ela encontra
um local, encontra pessoas, começa a ampliar os horizontes, ela passa a ter
outras opções de escolha, ela se torna mais participativa na sociedade,
socializa, melhora a sua qualidade de vida. E o melhor, fortalece ou
restabelece os vínculos familiares que havia perdido".
Sobre celebrar
Para celebrar os 10 anos de
história do Ativa Idade, a Fundação Manoel de Barros realiza na próxima
sexta-feira (05), às 19 horas, no auditório do CREA/MS, uma cerimônia especial
com apresentações de dança e canto dos participantes do projeto, declamação de
poema, homenagens e uma exposição com um pouco da história do projeto.
"Queremos chegar no
´Amanhã´, promovendo a qualidade de vida, a alegria, a autoconfiança, a
elevação da autoestima e a participação da pessoa idosa na sociedade! E, assim,
vamos seguir sempre em frente, disponibilizando as nossas mãos e o nosso olhar
para as pessoas que estão no nosso tempo", finaliza Marcos.